O fazer pelas próprias mãos fez do homem das cavernas um ciborgue.
Mas foi com "as próprias mãos" que tudo começou. Foi com "as próprias mãos" que o caveman descobriu o fogo inventou a roda. Criou sistemas de plantio e organizou a família. Criou objetos para mais conforto e segurança em sua vida e facilitou processos a fim de aproveitar ao máximo o seu tempo na terra.
Após eras, chegamos num período onde todo o conhecimento existente, explorado anteriormente pelo fazer com as próprias mãos, nos entrega um mundo pronto. Os seres que nascem neste mundo já não precisam se debruçar em processos tão árduos e complexos.
Ao mesmo tempo assistimos a humanidade perdida em si mesma por ter criado tantos métodos instantâneos, para quase "não terem em que pensar". E assim... matamos o pensamento.
Afim de desejarmos mais tempo de vida, acredito que o caveman também, nos deparamos com dilemas:
o que é viver mais? o que fazer para viver mais? como é viver mais? para quê viver mais? o que posso fazer para viver mais?
Os dilemas estão no mesmo lugar: no vazio de respostas a todas essas perguntas para uma sociedade que já é capaz de encontrar tudo pronto em botões.
O dilema está no distanciamento dá compreensão do conhecimento e do entendimento de onde começam as coisas...
Não é nossa intenção não é sermos contracultura. O contrário também serve: nossa intenção é defendermos uma cultura! Uma cultura onde cada indivíduo domina seus processos de forma integrada e coesa em si.
E sabemos que podemos fazer adaptações em um mundo líquido pandêmico para isso. Sim! Estamos dispostas!
Ao dominar nossos processos: nossa percepção, nossa capacidade de filosofia, nossa intuição são diariamente exercitadas além de nos fazer aproximar uns dos outros para trocarmos experiências, mesmo que seja pelo mundo digital.
O fazer com as mãos numa era tecnológica pode estar em extinção. Mas é este fazer que resguarda potencial para auto conhecimento e equilíbrio pessoal.
E isso é inexorável desde quando reconhecemos nossa 1ª obra de arte: o nosso primeiro côcô!
A cena da criança que olha para a escultura dando 'tchau!' enquanto em sua mente ela "sente": fui eu quem fiz!
A partir daí todo autocontrole sobre si mesma começa a ser exercitada... a partir daí surgem os primeiros sentimentos de autorresponsabilidade... a partir daí o mundo ganha mais um ser que será capaz de doar ou de reter sua riqueza.
Somos seres que naturalmente fazem e naturalmente precisam de se relacionar com o que fazem pois é a partir disso que ele se comunica com o mundo num jogo infinito de conexões.
Acreditamos na ciência dos dados. Ela é real e importante.
Mas ainda é mais importante compreender que dados, AI e bots podem imprimir nossas experiências mas jamais poderão gerá-las de forma autêntica. Pois para isso é preciso um espírito, um intelecto e um coração autênticos.
Boas vindas ao Big Date mas que não deixemos de lado o ato diário de dar vida ao cérebro. Que dia a dia continuemos a gerar nossas próprias experiências. Que diariamente haja sentido na chama da vida. A chama que é capaz de tocar a minha inteligência e a sua para sermos capazes de sobreviver e viver através das nossas próprias enquanto o caos se organiza.