A cena era essa:
Eu dizia pra ela que queria emagrecer mais e dona Irene apenas repetia as palavras “só não endureça”.
Eu não entendia o que ela queria dizer com isso, mas debilitada como ela estava eu respondia apenas sorrindo e continuávamos nossas vidas. Sempre elegante, uma das pessoas mais cultas, gentis e carinhosas que eu conheci.
Ela gostava de dizer que eu lembrava muito seu falecido neto, talvez daí essa afeição toda. Era cheia de prosa e histórias pra contar, não vou negar, me amarrava em ouvir. Começo a semana sendo informado que ela faleceu durante o fim de semana. Ela não era da minha família e nem tínhamos tanto convívio assim, mas pense em uma pessoa que era simplesmente marcante, era ela.
Essa notícia somada a outros problemas logo me fez concluir: segundinha tensa, ein?
Mas foi só lembrar dela e do seu conselho incógnito que eu logo me realinhei... “só não endureça”.
Independentemente do que você entenda disso, que a gente não “endureça” nunca!